quinta-feira, setembro 5

Papo de mãe: Como falar de morte com as crianças.

Não pense que este post é uma formula mágica, na verdade busco é ajuda com vocês. É um assunto super delicado, pois certamente seu filho vai passar por uma perda, pode ser na infância ou na fase adulta, pois uma coisa é certa ninguém é eterno e temos perdas na vida.


Faz mais ou menos dois meses que a Maria começou a nos questionar sobre o assunto. Ela aprontou alguma arte em casa e eu disse: "Tua bisa já diria que tu tá bem medoinha hoje". Logo ela quis saber qual bisa dizia isto, respondi que era a Minda, mas que ela não se lembrava dela pois já estava no céu como uma estrelinha.

Dias depois faleceu um amigo meu e ela questionou se havia virado estrelinha também, respondemos que sim, todos que morrem viram estrelinhas. Até então ela levou numa boa, afinal ela conhecia nosso amigo, mas não era muito próxima, pois fazia tempos que não nos falávamos, então não sentiu a sua falta e acredito que não entendeu muito bem também.

Mas a duas semanas atrás faleceu o cachorro que a Maria mais gostava da minha sogra, o Preto, já velhinho, não enxergava nem caminhava direito, não encontrava a comida e assim ia, até que faleceu. A Maria pela primeira vez sentiu a tristeza de perder alguém que ela gostava, chorou, ficou triste, explicamos que ele já estava muito doente e não aguentava mais ficar aqui e todo aquele papo de que agora ele está melhor... Por uma semana não tocou no assunto. Aliás teve um dia que vimos uma estrela cadente e ela disse que era o Preto correndo no céu, nossa deu uma dó da minha pitoca, chequei a chorar escrevendo só de lembrar.

Semana passada ela perguntou para minha sogra se ele havia virado estrelinha mesmo e se agora ele estava bem. Ela respondeu que sim, que agora ele estava muito feliz, recuperado e brincando bastante mas lá no céu. Então a Maria disse que se estava bom já poderia voltar para ficar conosco de novo.

Novamente conversamos com ela, explicamos que não voltamos como nós somos depois que viramos estrelinhas, mas que sempre a estrelinha estará lá no céu cuidando a gente. Acho que agora ela entendeu, apesar de ainda estar tristinha. Este não é um processo fácil, nós adultos ainda não entendemos direito, e sabemos quanto difícil é lidar com perdas, mas é um processo que como falei no início do post todos passaremos.

Não sei se falamos ou agimos de forma correta, e gostaria do fundo do coração saber como vocês trabalham com este assunto com as crianças. Li muito a respeito, as cada um tem a visão diferente da morte, e sabemos o quão difícil é para confortar quem fica.

Um bom restinho de semana para vocês.

3 comentários:

Carolina Tavares disse...

Pois é, Tássia. Realmente é um assunto delicado e eu nem tenho muita experiência para te dar, mas sim, adquirir com a sua. Eu adorei o seu post, por trazer um assunto que não se conversa muito e achei interessante a sua tese. Certamente irei utilizá-la quando tiver meus próprios filhos.
Quando perdi minha avó paterna, eu já era adolescente e já entendia muito mais, o que, penso eu, me fez sofrer mais que se eu fosse uma criança. Agora já tem quase dois meses que eu perdi meu cachorro, que era um filho pra mim, pois ele estava comigo há 15 anos. Também sofri demais e ainda dói chegar em casa e não encontrá-lo.
Talvez, a Maria fique com isso marcado para ela e guarde para si um sofrimento ou o sentimento de "porquê?" por um tempo. Espero que ela fique bem e que se recupere!

Beijos!

Fernanda Lucena disse...

Oi Tássia, realmente é um assunto difícil! Se nós adultos às vezes nos questionamos, imagina as crianças né?! Achei lindinho a sua maneira de tratar com a Maria! Ah! e ela é uma figurinha de tão especial né?!
Parabéns por ser essa super mãe,viu?!

Bjooooos

muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br

Anônimo disse...

Tássia, que sensibilidade da Maria em dizer que a estrela cadente era o Preto. Que gracinha! Fiquei admirada. Olha, acho que para esta fase da vida dela - de fantasia - vocês estão indo muito bem em explicar utilizando as estrelinhas. Um beijo, Paula